6 de fevereiro de 2011

O final da semana

Incentivado por um tédio tântrico de paulista acostumado a afogar as mágoas e desavenças ocupacionais na praia - lar, salgado lar -  resolvi dedicar algum tempo de meu final de semana para o meu querido blog, que pedia encarecidamente ao meu bem-estar atualização.

Hoje o sol escaldante se aliou a sensação térmica africana para tornar a piscina do clube num ambiente hostil, cercado de crianças mijonas que aquecem ainda mais a água e guarda-sóis forno, que cozinham a carne por debaixo da cutis.

Meu intuito era passar o dia às traças: acentuar o bronze árabe, me esbaldar nas raias de vinte metros e sentir a briza fresca balançando o meu cabelo enquanto observava as famílias tirando a chinfra do apartamento e ouvia meu tocador de música. Mas ao revés de minha pretensão, o severo bafo ocasionado pelo Astro Rei só serviu para incomodar a alma e marcar um bigode de atleta com traços de protetor solar, fetiche de propaganda de analgésico tópico muscular.

Pouco consegui aproveitar.

Infelizmente, nem só de dia esse nefasto calor tem incomodado. Às noites, na hora do sono recompositor, o mal-estar ocasionado pelo quente tem me trazido sonhos pouco virtuosos, como o bandido dessa última madrugada.

Sonhei que descia as escadarias do meu prédio gritando fogo, pois na minha fértil imaginação, o apartamento acima do meu se esvaía em chamas. Na descida, todos com quem encontrava apontavam para mim e riam dos meus avisos.
Eis que na portaria do meu prédio, ao invés do inabalável Tonhão - dono de um humor impecável - estava a presidenta do nosso país Dilma Rousseff, comendo com as mãos um frango à passarinho frio dormido numa embalagem de alumínio amassada.
Acordei quando, com um olhar assustado e meio estrábico, ela me fitou, segurando em sua mão uma perna de galinha mordida e com a boca melada de uma mistura de óleo do frango, alho e salsa.

Aflito acendi a luz, olhei no relógio e eram 4 horas da manhã. Um sufoco.

Só fui dormir tempos depois segurando firme um terço. E ao acordar, por volta das 11 da manhã, pensei, ingenuamente, que um mergulho e um "relax" na piscina do clube me faria abstrair os momentos de horror da noite passada.

Passei o resto da tarde em casa buscando algum filme que me faça desanuviar a mente em pról do meu singelo prazer.

Doce ilusão. Na TV passa um filme chamado "Matadores de Vampiras Lésbicas".

Estou considerando esperar ansiosamente o inverno.

Alguém mais tem tido sonhos bizarros?