1 de abril de 2011

Atropelamento

(...) Falando em pipoqueiro, julho também foi o mês onde consegui uma proeza que poucas pessoas foram capazes: ser atropelado por um carrinho de pipoca.

Em uma das íngremes ruas dos jardins, final de tarde, eu aguardava o fim do fluxo infernal de carros para ir ao outro lado da via em que estava.

Distraído, não reparei que naquela rua descia um senhor de idade, com roupas de cores neutras, sapato gasto, barba branca por fazer, segurando seu carrinho de pipoca e é claro, boné. 

Provavelmente era o pipoqueiro mais antigo das escolas daquele bairro, pois cumprimentava a todos na rua com um enorme sorriso no rosto como se fossem velhos conhecidos, e realmente eram.

Com o frio que fazia naquela tarde deveria suspeitar que aquele senhor estivesse doente. Aqui entram as máximas de experiência da vida, se o pipoqueiro está com resfriado, saia de perto. Eis que em frações de segundo um espirro daquele senhor desencadeou uma série de eventos. Primeiramente, ele que largou sua fonte de sustento que, embalada pela força da gravidade, a cada centímetro ganhava velocidade em minha direção.

Não havia o que fazer, era ser atropelado pelo carrinho de pipoca ou então ser atropelados pelos automóveis, que na banguela desciam aquela rua rapidamente. Optei por ser atropelado pelo carro do banguela que nesse instante gritava: - “Sai da frenteeeee”.

Tive somente a reação de escolher a parte menos pontuda do carrinho para me chocar, que, feito um cavalo, me jogou no chão deixando um enorme hematoma na cintura. 

Foi pipoca para todos os lados, nunca imaginei que aquela bizarrice um dia fosse acontecer comigo. E aos poucos, curiosos vinham conferir o “atropelamento” e caíam na risada, deixando aquele senhor envergonhado e sem jeito. 

Com muita dor, levantei, bati a pipoca que acumulava no peito e me dei com sorte ao notar que a panela cheia de óleo quente não virou.

Salgado e com um tom de brincadeira pedi um saco de pipoca como indenização, o que aquele senhor me deu com gosto, em meio a mil desculpas, apertando seu boné contra seu peito.

Só pode ser o apocalipse.


Obs.: Alguém acreditou nessa história?

Um comentário:

Renata disse...

Se é verdade ou não eu não sei... mas que é bem escrita é! rsrrs